Quando uma pessoa passa ou passou por um evento traumático ou enfrenta qualquer outra situação de dificuldades, já seja uma problema de saúde, um conflito relacional, uma crise existencial, um abandono, ou quer que seja a situação problemática a pauta do problema na vida da pessoa as vezes fica tão relevante que o indivíduo passa a contar ou pensar sobre a sua vida sob uma perspectiva que gira ao redor do problema.
Dizemos que a história do problema vai pouco a pouco dirigindo e pautando os caminhos dessa pessoa. É como se ela tivesse refém daquela situação ou circunstância.
Como mencionei é como se estivesse, porque realmente não está. Ela ainda não consegue enxergar mas sem se dar conta ela foi criando mecanismos para sobreviver e resistir apesar do sofrimento. Paralelo a dor ela também desenvolveu resiliência.
Descobrir esse caminho de resistência e poder enxergar força onde parecia que havia debilidade vai fortalecê-la para começar a contar uma história diferente. Uma história onde a dor deixa de ser a protagonista.
Só conseguimos ter criatividade para elaborar e trilhar uma saída quando conseguimos entender que nossa vida, e as histórias sobre nossa vida não foram o tempo todo atreladas a uma história negativa, existe várias facetas de nossa identidade que possivelmente foram afetadas por experiências traumáticas, mas não foram destruídas. Precisamos recuperá-las, apreciá-las e entender também nossa identidade através delas.
Para isso precisamos olhar, rever, muitas imagens sobre nós. Reavaliar e desconstruir vozes e falas que nos guiam e que às vezes nem nos pertencem. Nessa jornada decidimos escolher qual dessas vozes fortalecer. Treinamos nosso olhar para ver além do sofrimento, e enxergar novas possibilidades de nós mesmos.
@simonesarviano
Terapia e Reautorias